sábado, 19 de novembro de 2011

DESABAFO

  Estou muito triste, sim, muito triste mesmo! Pois, nessa sexta-feira, dia 4 de novembro de 2011, uma viatura da Polícia Militar-SE, em Nossa Sra. das Dores, parou defronte a sede do Projeto Memórias, que fica situada nas dependências do imóvel onde funciona também Bazar da Arte... O fato é que os membros do referido Projeto têm, nos últimos anos, trabalhado voluntariamente em prol do desenvolvimento intelectual da nossa população,  em especial, dos jovens. Esse trabalho os protege de situações de risco...
Pois bem, acontece adolescentes, que são atendidos de forma gratuita por essa Instituição, foram impedidos por integrantes da citada viatura de ensaiar, no referido local, músicas que seriam apresentadas, no dia seguinte, em um dos colégios de Nossa Sra. das Dores
Sem saírem da viatura, os policiais chamaram os meninos e disseram que eles tinham que parar o barulho ou, do contrário, iam levar os instrumentos musicais para a delegacia! O que os PMs alegaram: “os vizinhos” ligaram reclamando. Detalhe – os policiais não revelaram quem fez a reclamação. Foi o que me contaram os jovens.
No momento da abordagem, eu estava em uma sala editando um vídeo e não vi o ocorrido. Daí, pergunto, o mais adequado não seria a autoridade policial, ou “o vizinho” entrar em contato com os representantes da Instituição e, quem sabe, estabelecer um acordo de convivência, e não ser enviada uma viatura com policiais que fizeram os jovens músicos se sentirem ameaçados? Será que esses vizinhos, ou vizinho que reclamou não é um daqueles cujas ações refletem a personalidade de um indivíduo prepotente, orgulhoso e sem maiores preocupações com o próximo e com o meio-ambiente?
O que efetivamente os policiais encontraram ao chegarem ao local? Um grupo de jovens usando drogas, bebidas alcoólicas, fazendo sexo ilícito e planejando assaltar as casas dos vizinhos? Esses policiais encontraram armas? Ou instrumentos musicais nas mãos desses adolescentes? Daí, eu pergunto a vocês policiais e amigos protetores da sociedade, e pergunto também aos, ou porque não dizer, ao meu caro vizinho reclamante: qual é o barulho que perturba mais, as baquetas feitas de uma nobre madeira tocando a pele de um tambor de uma bateria ou o som de um tiro de fuzil adentrando numa janela e atingindo um inocente? Tiro esse que pode muito bem ser acionado por um jovem cujas oportunidades e habilidades tenham sido castradas por atitudes que refletem um posicionamento meramente egoísta e insano.
Será que os vizinhos, ou o vizinho é daqueles que já se acostumou com o barulho irritante das sirenes das ambulâncias levando para os hospitais vítimas de atos violentos praticados por certos jovens? Será que não são “estes” uma construção nossa? O que grita mais alto, um acorde de uma guitarra bem tocada ou o soar desafinado da sirene de uma viatura policial perseguindo jovens bandidos e perigosos?
Diante do que o mundo apresenta aos nossos jovens, é ou não é relevante o apoio a iniciativas como essa, que apresenta, por meio da didática musical, possíveis soluções para os eventuais problemas que acometem a sociedade?
Os policiais poderiam ir embora sem procurar os responsáveis pelo estabelecimento e pela referida Instituição a fim de expor a situação, dialogando com a outra parte envolvida?
Bem, o fato é que estamos “errados mesmo”, somos efetivamente culpados por não termos dinheiro para construir uma sala acústica para os nossos alunos, e, nem mesmo, temos sede própria. Somos culpados por eles saírem tristes com os seus instrumentos nas mãos lamentando o ocorrido. Somos culpados por nossa cidade não ter um local adequado para os nossos jovens exprimirem os seus talentos artísticos. Sim, talvez sejamos culpados por muitos deles se tornarem bandidos perigosos que matam pais de famílias inocentes para roubar e matam sem piedade aqueles que têm o ofício de nos proteger – vocês policiais.
Sim, talvez mereçamos mesmo ir presos por “perturbarmos” a ordem pública, e, de lá da delegacia, sermos encaminhados aos magistrados, processados e condenados pelo crime de formar bons cidadãos.
Bem, são exatamente três horas da manhã, estou com a cabeça doendo muito, a gastrite a mil, o estômago dói demais, e, do meu olho, está descendo uma água ardida, que alguns chamam de lágrimas, e essas caem nos mais variados formatos: lamento, revolta, tristeza, angústia, muito pesar...
PROJETO MEMÓRIAS DIALOGA COM A POLÍCIA MILITAR SOBRE SUAS ATIVIDADES



O diálogo se deve à denúncia de vizinhos sobre um barulho em excesso na sede do Projeto quando das atividades musicais desenvolvidas lá.
 Representantes do Projeto Memórias estiveram, nesta sexta-feira, dia 11 de novembro de 2011, a conversar com o Comandante do Destacamento de Polícia Militar de N. Sra. das Dores, Sargento José Ronalço Ramos, sobre as reclamações feitas contra o Projeto Memórias por alguns vizinhos; reclamações que têm a ver com as atividades (oficinas de música) desenvolvidas pela referida Instituição.

Em seguida, o Sargento forneceu explicações sobre a sua abordagem dias antes na sede do Projeto. Deu as devidas orientações, no sentido de encontrarmos meios de continuar as atividades evitando o choque com a vizinhança e de estabelecermos, se possível, um acordo de convivência com a outra parte envolvida, de modo que uma das alternativas citadas, durante a conversa com o Sargento Ronalço, foi a de notificar por escrito a comunidade local a cerca dos dias e horários da realização de tais atividades e criar critérios para as mesmas. 

 Assim sendo, o Projeto Memórias agradece ao Sargento José Ronalço Ramos pelas palavras de apoio, pelas orientações e por, gentilmente, se colocar à disposição de todos. 
Texto: Manoel M. Moura
Por Adriano Santos





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